Em vez de guerra, mudanças efetivas

Criado por sindiplastes

julho 9, 2018

No último sábado 07/07/2018 saiu na TRIBUNA LIVRE do Jornal A Tribuna o artigo escrito por Gilmar Guanandy Regio falando sobre a conscientização sobre o uso do plástico.

Confira abaixo o conteúdo do artigo:

Não é de hoje que o plástico é apontado como vilão ambiental. Primeiro, a sacolinha de supermercado. Agora, chegou a vez dos canudos de plástico se tornarem o inimigo número um do meio ambiente. Pesquisas recentes como a britânica Foresight Future of the Sea e a The New Plastics Economy: Catalysing action, da Ellen MacArthur Foundation trouxeram dados que inflamaram o coro de quem pede o banimento desses produtos, assim como a divulgação de imagens chocantes do impacto do plástico sobre a fauna marinha, que viralizaram nas mídias sociais.

Na indústria, essa guerra ao plástico causa preocupação. Isso porque os plásticos são fundamentais para o desenvolvimento social, econômico e na própria preservação ambiental, sendo produtos essenciais para a qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável. Nesse combate desenfreado feito contra o plástico, pouco tem se debatido e dialogado sobre a principal causa dos problemas relacionados ao seu uso, que é o descarte incorreto.

A educação ambiental, o consumo consciente e a gestão pós-consumo são temas que devem estar diretamente conectados às discussões relacionadas ao plástico. Neste contexto, é importante considerar que uma das suas funções mais significativas é a de proteção. O plástico impede contaminações do solo e dos lençóis freáticos, de alimentos, mantém a higiene, é indispensável para o armazenamento da água e o saneamento básico, e está presente em instrumentos e soluções de medicina, além de tantas outras funcionalidades.

Ao tratar as questões ambientais relacionadas aos plásticos, devemos ir além da culpabilidade e buscar mudanças, como a real implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e da logística reversa. Precisamos incentivar o desenvolvimento de uma economia circular, em que já se saiba, ao nascer do plástico, o seu destino final e como irá retornar para o consumo. É também fundamental buscar incentivos às indústrias de reciclagem já que, muitas vezes, a tributação do material reciclado pode ser superior à da matéria-prima equivalente.

Apenas para exemplificar, uma pesquisa publicada pela Science Advances, em 2017, destacou que o mundo produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico em 65 anos e reciclou somente 9% – potencial econômico desperdiçado visto que o plástico pode ser reaproveitado e reciclado infinitas vezes. No Brasil, a reciclagem do produto gira hoje em torno de 25,8%, em uma cadeia formada especialmente por micro e pequenos negócios que lutam diariamente para sobreviver.

A mudança também deve vir da conscientização coletiva de que o setor de transformados plásticos é o quarto maior empregador da indústria de transformação brasileira, com mais de 310 mil empregos diretos gerados no Brasil, dos quais 3.280 estão no Espírito Santo. O setor fatura em torno de R$ 65,8 bilhões anualmente, contribuindo com a economia e o desenvolvimento do País.

A indústria está consciente de seu papel dentro da conjuntura ambiental, social e econômica e quer participar ativamente do debate e das reflexões com a sociedade. Entendemos que o melhor caminho para solucionar as questões ambientais relacionadas aos plásticos é compartilhando responsabilidades pelo consumo consciente, pela gestão do pós-consumo e, acima de tudo, por meio de mudanças, especialmente de comportamento perante essa guerra de poucas reflexões que não nos levará a lugar algum. 

Gilmar Guanandy Regio

Presidente do Sindicato da Indústria de

Material Plástico do Espírito Santo (Sindiplast-ES)

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