Taxado, muitas vezes, como um dos grandes vilões do meio ambiente, o plástico traz características que permitem a sua utilização para a proteção da própria natureza, como a versatilidade, a maleabilidade e a durabilidade, que fazem o produto ser essencial para evitar as contaminações do solo, para o armazenamento da água, para a canalização do esgoto e o saneamento básico de maneira geral.
Na semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado na sexta-feira, 05, o Sindicato da Indústria de Materiais Plásticos do Espírito Santo (Sindiplast-ES) destaca como o setor de Transformados Plásticos tem atuado em relação às políticas de gestão ambiental e na promoção do debate sobre economia circular no processo produtivo, principal pauta do setor em relação ao consumo e gerenciamento do produto.
“A principal característica do Plástico é ser 100% reciclável, podendo retornar inúmeras vezes ao processo produtivo como matéria-prima para a fabricação de outros produtos. Muitas das nossas associadas incorporaram o conceito de economia circular, que é uma prática fundamental à preservação do meio ambiente, uma vez que permite o reprocessados do plástico diversas vezes, tirando o máximo de proveito do produto e reduzindo os danos ambientais”, afirma o presidente do Sindiplast-ES, Jackley Maifredo.
Uma dessas associadas é a Lux Caixas, empresa localizada no município de Cariacica, que atua na produção de caixas plásticas comercializadas principalmente com produtores hortifrutigranjeiros. Os sócios José Toso Maciel e Luzenilci Ervatti Maciel explicam que, atualmente, cerca de 90% da matéria-prima utilizada no processo produtivo da empresa é proveniente de plástico reciclado. “Reaproveitamos mais de 80 toneladas de material plástico por mês em nossa produção, adquiridos com fornecedores locais e de São Paulo”, contam.
Na Papelial, empresa localizada no município de Linhares, esse número chega a 180 toneladas de resíduos plásticos utilizados na produção mensal, comprados de cooperativas, pequenos atacadistas e associações – material que foi retirado do meio ambiente e retorna ao mercado na forma de sacos plásticos.
Já a Ecoplásticos, associada do município da Serra, utiliza cerca de 40 toneladas de plásticos por mês que foram retirados do meio ambiente. Diferente das empresas anteriores, que atuam na fabricação de produtos finais, a Ecoplásticos transforma o plástico adquiro de associações de catadores e distribuidoras, que são devidamente processados e transformados em grãos reciclados e posteriormente revendidos para a produção das indústrias do próprio setor de Transformados Plásticos. “Observo que o reaproveitamento e a reciclagem do plástico ainda são muito pequenos no Espírito Santo, um potencial que é pode melhorar para reduzirmos os impactos ambientais”, afirma o proprietário da empresa, Welcius Soares Araújo Santos.
Setor se mobiliza para a conscientização ambiental
Para conscientizar sobre a importância do plástico no dia a dia e promover o debate sobre economia circular, o Sindiplast-ES integra um movimento nacional, alinhado à Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), que inclui iniciativas como a Rede de Cooperação para o Plástico e o Movimento Plástico Transforma. Juntas, essas iniciativas reúnem elos da cadeia produtiva do setor em torno da discussão e do desenvolvimento da economia circular e, por meio de conteúdos e ações educativas, apresentam o potencial de transformação do plástico, valorizando o produto e procurando desmistificar a imagem de vilão ambiental.
No Espírito Santo, o Sindiplast-ES promove a Gincana Tampinha Legal, ação de conscientização para a preservação do meio ambiente que incentiva estudantes das unidades Sesi-ES e Senai-ES a coletarem tampinhas plásticas que, após recicladas, são revertidas em recursos para instituições assistenciais no Estado. Em apenas duas edições, a competição foi responsável pela retirada do meio ambiente e a reciclagem de mais de 3,8 milhões de tampinhas plásticas.
Preconceito e educação ambiental entre os desafios
De acordo com a executiva do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coemas) da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Graciele Belisário, o setor de Transformados Plásticos sofre um preconceito frente à discursos políticos e pouco técnicos de proteção ao meio ambiente, que o colocam como vilão em um cenário muito mais complexo. A incidência alta de impostos sobre empresas que reciclam ou utilizam produtos plásticos reciclados como matéria-prima é outra pauta que tem a atenção do Conselho, que atua em proposições que possam ser conduzidas junto aos poderes públicos para incentivar o aproveitamento de resíduos, pleiteando, entre as medidas, o incentivo fiscal.
“Para o Coemas um dos maiores desafios a serem enfrentados pelo setor é a Educação Ambiental, já que esta ferramenta deve ser implementada com efetividade para garantir o uso sustentável do material, além de superar o preconceito já descrito. O plástico é um material imprescindível em nosso dia a dia, que apresenta soluções valiosas a custos acessíveis para toda a população. Assim, o desafio maior é garantir que a população saiba fazer o uso consciente e sustentável desse recurso, bem como garantir as inúmeras possibilidades de sua reutilização. Entendemos que a Educação Ambiental é uma ação primordial para vencermos esse desafio”, finaliza a executiva.
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