Plástico: uma visão sem falácias!

Criado por sindiplastes

novembro 11, 2024

Em seu artigo publicado em A Gazeta, o vice-presidente da CNI, Leonardo de Castro, da Fibrasa, mantenedora do SindiplastES é enfático: são necessárias políticas públicas que incentivem a reciclagem de todos os resíduos, além do plástico, como desoneração fiscal de toda a cadeia, dos catadores à indústria, operacionalização da coleta seletiva, incentivo para usar material reciclado e educação ambiental.

Confira o artigo na íntegra:

Por Léo de Castro

O debate mundial sobre o meio ambiente e o uso do plástico na sociedade é repleto de falácias e de falsos argumentos. Há muito preconceito, desinformação e discursos infundados que não resistem a estudos científicos – sem falar em interesses empresariais. As verdadeiras soluções dependem efetivamente de descarte correto, reciclagem e políticas públicas que estimulem a economia circular. O plástico não é o vilão, simples assim.

A famosa agenda ESG é muito debatida, mas pouco praticada, infelizmente. Imagine uma sociedade sem plástico, somente com embalagens de papel e vidro: pode parecer sedutor para os que não têm acesso à informação ou os que se iludem com propaganda enganosa, mas o impacto ambiental seria tremendo.

O Movimento Verdade Sustentável, organização sem fins lucrativos que trabalha a conscientização da população sobre questões socioambientais, produziu levantamento que mostra que para fabricar apenas 500 folhas de papel são necessários dois mil litros de água. O vidro exige extração de minerais escassos. Já o plástico reduz em 80% o consumo de água; reduz o uso de energia renovável em quase 70% e gera três vezes menos gases causadores do efeito estufa.

O plástico é importante para o meio ambiente e essencial para setores da economia como a construção civil, a indústria alimentícia, artigos de comércio e varejo, bebidas, automóveis e autopeças. Somente na construção civil, ele está presente em aplicações como sistemas de tubulações para água, esgoto e drenagem, eletrodutos, caixas e quadros para distribuição elétrica, reservatórios para água, forros, pisos, paredes, portas e janelas, entre outros itens.

O chamado poliestireno expandido (EPS) tem ganhado espaço nas obras ao substituir materiais tradicionais de lajes e paredes de tijolos, resultando em estruturas mais leves, resistentes e econômicas, como mostra estudo da Abiplast, a Associação Brasileira da Indústria do Plástico. O Centro Sebrae de Sustentabilidade atesta que o uso do EPS em construções reduz o consumo de energia e água em quase 60%, além de diminuir a emissão de CO2 na atmosfera, enquanto uma construção convencional emite 40% mais poluentes.

O plástico não é o problema, é a solução. No entanto, ele vem sendo tratado como inimigo pelos que buscam a saída mais fácil e errada para solucionar os problemas que o material ocasiona quando termina nos oceanos e nos rios, pela mão do homem, é importante ressaltar.

O problema na verdade é que nossa sociedade descarta de qualquer jeito o plástico, em vez de reciclá-lo de forma adequada. O plástico representa somente 0,5% de todos os materiais que usamos e gera menos de 1% de todo o impacto. Mas o debate sobre o tema não reflete isso e ignora completamente os outros 99%.

Autor do livro “O Paradoxo dos Plásticos”, o pesquisador norte-americano Chris DeArmitt, maior especialista em materiais plásticos do mundo, abordou essa questão em recente entrevista à revista Exame: afinal, por que esses mitos persistem e por que a percepção pública vê o plástico como um vilão ambiental? “É sempre difícil dizer, mas não é surpresa que indústrias concorrentes – se você olhar para o vidro, o metal e o papel – elas perderam participação de mercado. Os plásticos tomaram parte de seus negócios. Portanto, é do interesse delas gastar dinheiro tentando fazer com que os plásticos pareçam ruins, para assim recuperarem seus negócios. Já ouvi de empresas que parte disso está acontecendo”, afirmou o pesquisador.

Entre tantos mitos que circulam, um deles, amplamente propagado por organizações não governamentais, sugere que os plásticos não se degradam ou que levam 500 anos para se degradar. Estudos científicos sobre sacolas plásticas, contudo, mostram que, na verdade, elas se degradam em menos de um ano: “Todos pensam que os plásticos não se degradam, sem nenhuma evidência. Você pode verificar online, não encontrará um único estudo que diga que uma sacola plástica leva centenas de anos para se degradar. Nenhum cientista jamais disse isso. E quando você verifica a ciência, encontra milhares de estudos sobre a degradação do plástico. Na verdade, as empresas gastam 5 bilhões de dólares por ano para colocar aditivos para desacelerar a degradação, porque na realidade ela é rápida. E é por isso que uma sacola plástica se degrada em menos de um ano, porque é muito fina e não tem muitos aditivos”.

No mês passado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), com apoio de Federação das Indústrias estaduais, divulgou um guia para ajudar as empresas a implementarem práticas da economia circular. A estratégia está alinhada com o Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial anunciada pelo governo federal no início do ano.

A ideia é criar um ambiente normativo e institucional para a economia circular, com incentivo à inovação, à cultura, à educação e à criação de competências para reduzir, reutilizar e promover o redesenho circular da produção, incentivar a redução do uso de recursos e a geração de resíduos, preservando o valor do material. Essa leitura é interessante para empresas e também para a sociedade em geral, como forma de combater o preconceito e elevar o nível do debate ambiental no país.

Por fim, é importante ressaltar a necessidade de políticas públicas de consequência que incentivem a reciclagem, não só do plástico, mas de todos os resíduos recicláveis. Entre as políticas, podemos citar: desoneração fiscal ampla dessa cadeia desde os catadores à indústria, operacionalização efetiva da coleta seletiva, incentivo ao uso de material reciclado, educação para o correto descarte, fomento à reciclagem energética.

Este tema tem de ser tratado de forma séria e com base na ciência, não em palpites pessoais e sem fundamento técnico como vem ocorrendo, sob risco de o tiro sair pela culatra.

Fonte:agazeta.com.br

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